Três Ensaios – Do Professorado, Da Educação das Crianças, Da Arte de Discutir

Montaigne teve uma imensa influência na cultura europeia, e continua a tê-la como o demonstraram as celebrações e homenagens que continuam a ter lugar principalmente no seu país natal. De toda a sua obra são os Essais que conferem a Montaigne uma actualidade candente, pela maneira como se arrisca no pensamento, como se precipita no existente, sem outra orientação que não seja a da consciência de si. Pode-se assim aceitar que Jean-François Lyotard não hesite em classificá-lo entre os autores «pós-modernos», precisamente por esse carácter experimental do pensamento ensaístico que parece ser a única possibilidade que resta numa época demasiado causticada pelo espírito de sistema e pelas ideologias combatentes e agressivas. O cepticismo de Montaigne não é um indiferentismo moral, mas o efeito do reconhecimento do efémero, da pluralidade irredutível dos homens, da mutabilidade das opiniões. O motivo profundo desse cepticismo é, primeiramente, ético e político, surgindo como um meio para reabilitar a aparência, a relação ao Outro e, acima de tudo, a finitude que é marca do humano.