O Estranho Caminho de Delfos – Uma Leitura da Poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen

A presença da mitologia clássica na obra poética de Sophia (de Mello Breyner Andresen) tem sido interpretada de acordo com um via analógica que não suporta a refutação. Os eruditos estudiosos que do tema se ocuparam partiram sempre do pressuposto de que a matéria mítica na poesia de Sophia é um exemplo da sua maioridade como poeta. Contudo, tal tese nunca foi demonstrada. Este estudo é um inquérito sobre a consistência do tratamento de temas clássicos na poesia de Sophia. A referencialidade é tomada muitas vezes como a principal virtude da sua poesia. Mas há uma enorme diferença entre o poeta que conhecendo profundamente a matéria mítica trabalha com mitos gregos e latinos de forma criativa e (re)construtiva e o poeta que conhecendo os mesmos mitos apenas os nomeia ou evoca. Como faz Sophia de Mello Breyner. O Estranho Caminho de Delfos visita os grandes temas clássicos que a autora nunca abandona desde o seu primeiro livro (Poesia I, 1944) até ao presente: a filomitologia, o apolíneo e o dionisíaco, o (desen)canto de Orfeu, o tempo Délfico, a procura da Cidade Hipodâmica, a construção do labirinto, os percursos do silência que nos chamam para o Centro do Mundo.