Obscenidade e Reflexão

Este texto de Henry Miller, autobiográfico, coloca-nos perante uma das questões mais apaixonantes da Filosofia: o que é transcendente, o que é imanente. Embora no começo não toque na ideia de Deus (Oficialmente transcendente ao ser humano e a tudo quanto existe), Miller, escritor maldito e censurado pelos sepulcros (oficiais) caiados de branco, chega à conclusão de que discutir, em sua natureza e sentido, a ideia de obscenidade, é tão difícil como falar do Ente divino. Daí, por conseguinte, surgir no seu escrito as noções de transcendência e imanência. Ou por outras palavras: a obscenidade transcende-nos ou é-nos imanente…? Considerado pelos estudiosos internacionais como sendo um discípulo de Rimbaud na busca atormentada da verdade, Henry Miller, com esta fracção de texto ora publicada entre nós, surge-nos como um homem que se interroga e se revela preocupado pela verdadeira essência do homem. Nestas páginas autobiográficas, assistimos a uma catarse, a um desvelamento que nos dá o homem em toda a sua verdade, nu de preconceitos e fingidas atitudes.