A Competição em Nietzsche

Sabe-se como, para Nietzsche, os conceitos de humanidade e de natureza não são antagónicos — qualidades «naturais» e qualidades «humanas» estão inseparavelmente unidas. O homem incorpora o inquietante duplo carácter dessas qualidades, pelo que as suas capacidades tidas por «terríveis» e desumanas talvez sejam mesmo o solo fértil donde pode brotar a humanidade e a benevolência que se expressam em sentimentos, acções e obras. Se o cristão vive na tensão monstruosa e infecunda entre o desprezo de si e o orgulho, o grego viveu na monstruosa tensão, na ingente distância entre a inveja e a amizade. O conceito de agôn (competição) incorpora na perfeição estas disposições do ânimo e converte-as na força expansiva, no pródromo de toda e qualquer forma de educação e cultura superiores. Ao libertar o espírito de emulação do moralismo hipócrita que o tem empecido, bem poderá Nietzsche, ainda hoje ou sobretudo hoje, contribuir para despertar nas jovens gerações um novo gosto pelo saber, pelo ousar saber e pelo saber ousar, aparentemente extintos na ambiência actual, em que uma nova moleza «helenística» tão bem se casa com surtos de selvajaria economicista e fundamentalista de vário mas sempre ominoso cariz. Ao isolar a dimensão agonística como um radical antropológico incontornável e ao conjugá-la com a ideia (heracliteana) do mundo como «jogo cósmico» de forças e energias contrapostas, Nietzsche liberta um vento de degelo capaz de esconjurar e jugular o niilismo, por ele tão precocemente e melhor do que ninguém diagnosticado, e de propiciar uma nova fundação da aventura humana.

Autor

ISBN: 972-699-746-1 Categorias: , ,

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Descrição

Texto traduzido directamente do alemão por Rafael Gomes Filipes, com introdução e notas do próprio.
 
Rafael Gomes Filipe nasceu em 1 de Fevereiro de 1944, em Angra do Heroísmo. Licenciado em Filosofia, assessor principal do quadro do Ministério da Educação e professor do ensino superior privado, o autor tem diversificado a sua actividade pela tradução e pelo ensaísmo literário e científico. Em 2001 publicou o ensaio Modernidade, Crítica da Modernidade e Ironia Epistemológica em Max Weber. Em 2003 doutorou-se pela Universidade Nova de Lisboa com uma dissertação intitulada De Nietzsche a Weber — Hermenêutica de Uma Afinidade Electiva.

Informação adicional

Dimensões (C x L x A)11 × 19 cm
Páginas

80

Autor

Outros autores

Rafael Gomes Filipe (tradução e prefácio)

Colecção

Idioma

Tipo de produto

Livros

Encadernação

Capa mole

Editora

Ano de edição

2003

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