Palavras Cínicas

«Vi que a vida era má e escrevi estas cartas.
Se as leres no meio dum festim as porás de parte com enfado,
mas buscarás a sua consolação quando o mundo te fizer chorar.»

ALBINO FORJAZ SAMPAIO
 

«Escrevo estas linhas seis anos após o manuscrito. Mudei acaso de ideias? Não. Pelo contrário. Esse período de tempo só conseguiu ratificá-las. Eu não mudei, porque a Vida não mudou. O homem é sempre o mesmo miserável, a Vida o mesmo ignóbil fardo, que cada um trata de conduzir da maneira que lhe pese menos. Que a Vida é má? E então o Amor? perguntam. Defini o amor em outro livro — ‘um perfume que principiando por verbena e lirismos, veloutine e violeta, acabou por cheirar a iodofórmio que empestava’. Ao menos a Amizade? Só quem desolado bateu à porta de cem mil amigos pode dizer onde encontrou essa avis rara. O Dinheiro? O Dinheiro, sim. Mas soberano senhor, só a raros miseráveis dá audiência. Como vêem não mudei. Penso como pensava então, um pouco mais surrado do hábito, apenas. E creio que este livro, escrito para ser meditado e seguido, será ainda acolhido com amor.» — Prefácio do autor à 2.ª edição